quarta-feira, 3 de março de 2010

Quem me dera ser um peixe para em teu límpido hipertexto navegar


Em 1990, no dia 2 de julho, quando todas as melhores bandas do mundo já tinham acabado e quando as piores bandas do mundo estavam começando, eu nasci. Na infância, aos 6 anos, quando eu descobria a diferença entre SS e Ç, chegava lá em casa o nosso primeiro computador. A atração principal, para mim, era a proteção de tela de peixinhos que nadavam de um lado para o outro. Para os meus pais, o status de ter um computador com internet era bem maior do que a tela de peixinhos que nadavam de um lado para o outro. A ironia é que a gente quase nunca se conectava à rede, exceto quando a empresa que meu pai trabalhava mandava algum e-mail sobre horários de reuniões.
De certa forma, hoje é fácil analisar o nosso pouco acesso à internet na época. Desenvolvida com uma característica institucional, os recursos que ela fornecia eram praticamente básicos, pouco direcionados ao leitor. Os seus sites eram estáticos, não permitiam uma interação com visitante. Ou seja, o conteúdo era definido, sem opção de modificações ou postagens de comentários dos internautas. Essa é a fase da internet que tratamos como Web 1.0.
Minha geração, conheceu o outro lado da moeda. Apesar de ter aproveitado todas aquelas melhores bandas do mundo, nós podemos compartilhar através redes sociais todos os dicos que perdemos pelas décadas e ao mesmo tempo podemos produzir nossos próprios discos e ainda divulgá-los, já que a Web 2.0 possibilita com que o internauta não seja apenas consumidor, mas também produtor de contéudo. Essa nova fase da internet talvez economize dinheiro, tempo e conversa. Talvez, nos afaste das lojas de discos, do contato pessoal e do show de rock n' rool.
Um dos artíficios da Web 2.0 que deixa a internet mais dinâmica, chamamos de Link. Com ele, o internauta não se limita apenas a um texto ou a uma idéia. Suponhamos: Um beatlemaníaco está lendo na internet sobre a morte de John Lennon, descobre que o assasino do beatle por acaso lia o livro "O Apanhador no Campo de Centeio", e através de um link como esse, o internauta deixa o assunto "Beatles" e parte para "literatura". Isso nos mostra que o link possibilita ao internauta navegar pela rede sem limitação de conteúdo. Um exemplo mais concreto é o microblog Twitter.
As redes sociais são a melhores maneiras de ilustrar a Web 2.0, já que ela agrupa a maioria das características: Atualização constante, reunião de pessoas por afinidade de assunto, links para vídeos, fotos, músicas e sites.
Mas, com todas essas possibilidades de navegações por conteúdos diferentes o beatlemaníco citado acima, sempre vai querer saber sobre Os Beatles. Portanto, não adianta a tecnologia nos permitir acesso a um conteúdo ilimitado de informações se nossos gostos, nossa personalidade e nossos interesses forem limitados.
Até hoje, minha proteção de tela tem peixinhos que nadam de um lado para o outro.

3 comentários:

  1. Subir em árvore é super legal. Vc não sabe o que tá perdendo!

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  2. Barbara,
    muito bom o seu post. Ele é a demonstração de que a teoria não precisa ser chata quando nos permitimos aventurar.
    Um abraço,

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  3. Muito bacana seu post. Explicou tudo, sendo coerente, criativa e objetiva. Aliás, achei a explicação sobre os links super útil. Acho que a maioria das pessoas não entende muito bem essa questão..

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